domingo, 9 de outubro de 2011

Traição ( atividade criativa )

Maria, uma jornalista doce e indecisa, estava casa com Antônio, um professor, há alguns meses. A jornalista nutria dentro de si um sentimento por João, que era escritor, com quem um relacionamento no passado não havia dado certo por serem muito diferentes; ela indecisa e ele decidido demais. Entre idas e vindas, o rapaz acabou partindo pensando não estar sendo correspondido. Ela, mesmo tendo sua parcela de culpa, sentiu-se de mãos atada, não poderia impedi-lo de fazer suas escolhas.                                                                                                                                        Sem notícias de João, Maria finalmente decidiu mudar o rumo de sua vida, fez algumas escolhas e foi aí que aceitou casar-se com Antônio que há muito insistia nessa relação. Demonstravam ser um casal perfeito, frequentavam os mesmo lugares, tinham os mesmos amigos, gostos parecidos e quase nunca brigavam.                                     Certo dia, a jornalista meio que sem querer ouviu alguns colegas comentarem que João estaria na cidade em breve. Sabendo disso, ela ficou confusa, desnorteada, pois tinha medo do que poderia vir a acontecer. Talvez pudesse continuar aquela história ou colocar um ponto final e, ao mesmo tempo, não queria decepcionar-se nem magoá-lo, muito menos a seu esposo.                                                                           E por brincadeira do acaso, Maria e João se reencontraram na fila do banco e parecia até que estavam refazendo a cena da primeira vez que se viram. No mesmo lugar, as mesmas roupas, mesmos pensamentos, mesmas atitudes. Olhos nos olhos, sorriso no canto da boca, vontade de saber bem mais do que se via. Porém se cumprimentaram formalmente e seguiram suas atividades. Enquanto isso, os dois pensavam, simultaneamente, que poderiam estar deixando escapar a única oportunidade de suas vidas de resolver o inacabado. E, de repente, se olharam e sem pensar em nada, foram felizes num beijo de alguns instantes, interrompido apenas pela voz raivosa de um homem traído.
__ Como você pode ser capaz?”- disse Antônio.
Nem mais uma palavra foi proferida enquanto corações despedaçavam. Um amor que superou a barreira do tempo estraçalhando mais que um par de corações.
O tempo mais uma vez distanciou, mas, dessa vez, os três. Cada um seguiu seu caminho e, a seu modo, tentando reencontrar uma razão para o sentir.
Noutro dia, noutra ironia do destino, numa fila do mesmo banco, Maria esbarrou num sorriso bonito, mas, por receios que a vida lhe fez ter, saiu dali o mais rápido possível.
Passando na calçada do banco, João. Na linha que segue o tempo, o desejo de ficarem juntos. No livro da vida, o amor.
Escrito por Paloma Israely e Karol Vieira com Apoio Criativo e Psicológico de Cícero Rogério e Thalyta Alencar

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ANJOS


O menino voltou-se para a mãe e perguntou:
- Os anjos existem mesmo?
Eu nunca vi nenhum.
Como ela lhe afirmasse a existência deles,
o pequeno disse que iria andar pelas estradas,
até encontrar um anjo.
- É uma boa idéia, falou a mãe.
Irei com você. -
Mas você anda muito devagar,
argumentou o garoto.
Você tem um pé aleijado.
 A mãe insistiu que o acompanharia.
Afinal, ela podia andar muito mais depressa do que ele pensava.
Lá se foram.
O menino saltitando e correndo
e a mãe mancando,
seguindo atrás.
De repente, uma carruagem apareceu na estrada.
Majestosa,
puxada por lindos cavalos brancos.
Dentro dela,
uma dama linda,
envolta em veludos e sedas,
com plumas brancas nos cabelos escuros.
 As jóias eram tão brilhantes que pareciam pequenos sóis.
Ele correu ao lado da carruagem e perguntou à senhora:
- Você é um anjo?
Ela nem respondeu.
Resmungou alguma coisa ao cocheiro
que chicoteou os cavalos e a carruagem sumiu na poeira da estrada.
 Os olhos e a boca do menino ficaram cheios de poeira.
Ele esfregou os olhos e tossiu bastante.
 Então,
chegou sua mãe que limpou toda a poeira,
com seu avental de algodão azul.
 - Ela não era um anjo, não é, mamãe? -
Com certeza, não.
Mas um dia poderá se tornar um, respondeu a mãe.
Mais adiante uma jovem belíssima,
em um vestido branco,
encontrou o menino.
Seus olhos eram estrelas azuis e ele lhe perguntou:
 - Você é um anjo?
Ela ergueu o pequeno em seus braços e falou feliz:
- Uma pessoa me disse ontem à noite que eu era um anjo.
Enquanto acariciava o menino e o beijava,
ela viu seu namorado chegando.
Mais do que depressa, colocou o garoto no chão.
Tudo foi tão rápido que ele não conseguiu se firmar bem nos pés e caiu.
- Olhe como você sujou meu vestido branco,
seu monstrinho!
- Disse ela, enquanto corria ao encontro do seu amado.
O menino ficou no chão,
  chorando, até que chegou sua mãe 
e lhe enxugou as lágrimas com seu avental de algodão azul. -
 Aquela moça, certamente, não era um anjo.
O garoto abraçou o pescoço da mãe e disse estar cansado.
- Você me carrega?
 - É claro - disse a mãe
 - Foi para isso que eu vim.
Com o precioso fardo nos braços,
a mãe foi mancando pelo caminho,
cantando a música que ele mais gostava.
Então o menino a abraçou com força e lhe perguntou:
- Mãe, você não é um anjo?
 A mãe sorriu e falou mansinho:
- Imagine, nenhum anjo usaria um avental de algodão azul como o meu.
 Anjos são todos os que na Terra se tornam guardiões dos seus amores.
São mães, pais, filhos, irmãos e amigos que renunciam a si próprios,
à suas vidas em benefício dos que amam.
As mães,
sobretudo,
prosseguem a se doar e velar por seus filhos,
mesmo além da fronteira da morte,
transformando-se em protetoras daqueles que na terra ficaram,
como pedaços de seu próprio coração.



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A bagagem da vida


“Quando sua vida começa, você tem apenas uma mala pequenina na mão...”.
A medida em que os anos vão passando, a bagagem vai aumentando. Porque existem muitas coisas que você recolhe pelo caminho... Porque pensa que não é importante.
A um determinado ponto do caminho começa a ficar insuportável carregar tantas coisas.
Pesa demais...
Então você pode escolher:
Ficar sentado à beira do caminho, esperando que alguém o ajude, o que é difícil.
Pois todos que passarem por ali já terão sua própria bagagem.
Ou você pode aliviar o peso, esvaziando a mala. Mas o que tirar?
Você começa tirando tudo para fora, e vendo o que tem dentro...
Amizade...
Amor...
Amizade...
Amor...
Amor...
Amizade...
Nossa!Tem bastante, e curioso... Não pesa nada!
Mas tem algo pesado...
Você faz força para tirar...
É a raiva, como ela pesa.
Ai você começa a tirar, tirar, e aparecem à incompreensão, o medo, o pessimismo...
Nesse momento, o desânimo quase te leva para dentro da mala...
Mas você puxa-o para fora com toda a força,
  e aparece um sorriso, que estava sufocada no fundo de sua bagagem...
Pula para fora outro sorriso e mais outro, e ai saem à felicidade...
Você coloca as mãos dentro da mala de novo e tira pra fora a tristeza...
Agora, você vai ter que procurar a paciência dentro da mala, pois você vai precisar bastante...
Procure então o resto:
Força, esperança, coragem, entusiasmo, equilíbrio, responsabilidade, tolerância, bem humor...
 Tira a preocupação também, e deixa de lado. Depois você pensa o que fazer com ela... Bem, sua bagagem está pronta para ser arrumada de novo! Mas pensa bem o que você vai colocar lá dentro!
Agora é com você...
E não se esqueça de fazer isso mais vezes...
Pois o caminho é Muito, muito longo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011


Procura-se um amigo (Vinícius de Morais)

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaros, de sol, da lua, do canto dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir a falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar. Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro nem que seja de todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoas tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer. Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações da infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar, para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Estante empoeirada

       Estava limpando minha estante empoeirada e vi o quanto de lembranças e recordações eu havia guardado ali. Coisas que fizeram parte da minha vida e das vidas que me cercam. Estou tentando reorganizar minha estante e cada vez mais encontro emoções contidas nela, emoções boas, alegres, tristes e ruins.
       Eu sei que a vida é feita do presente e do futuro, mas, enquanto houver poeira nessa estante, eu estarei postando.